GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES 

GPEA-FP

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

por Prof. Dr. Carlos Frederico Bernardo Loureiro

  • A denominação educação ambiental se constituiu na radicalidade questionadora dos anos de 1960. Seu contexto de criação era composto por pelo menos quatro "vetores" que foram decisivos para a definição dos seus princípios, diretrizes e orientações político-pedagógicas: (1) movimentos sociais diversos; (2) o movimento de contracultura; (3) os padrões de conservação da natureza promovidos por antiga tradição científica e por grupos voltados para garantir a biodiversidade; e (4) os intensos debates políticos e filosóficos da ecologia política, com caráter de questionamento radical à sociedade capitalista e aos modos de vida dominantes (eurocêntricos), e seus intrínsecos processos de uso insustentável dos recursos naturais e expropriação do trabalho.
  • No Brasil, a educação ambiental teve seu início reconhecido publicamente nos anos de 1970, durante a ditadura militar, por dentro do aparato estatal ambiental. Nessa época, não poderia ser diferente, a educação ambiental foi reduzida pelo discurso dominante à transmissão de conhecimentos ecológicos, ao ensino de técnicas e de comportamentos ecologicamente viáveis, mesmo que pudéssemos identificar algumas falas e práticas mais políticas em pessoas e grupos.
  • Nos anos de 1980, com o processo de "redemocratização", esse cenário começa a se reverter, o que não significou um imediato diálogo entre educação e educação ambiental. Nessa época, a organização dos primeiros grupos ambientalistas que afirmavam que as causas dos problemas ambientais estavam na organização social e a incorporação da questão ambiental por educadores populares, adeptos do método Paulo Freire, além dele mesmo, são os responsáveis diretos por uma alteração discursiva com críticas aos reducionismos biológicos, à simplificação da educação à transmissão de conhecimentos e à sua instrumentalização.
  • A aproximação educação ambiental e educação, no entanto, estava apenas começando e com um grau de criticidade bastante modesto na análise das políticas públicas em educação e suas implicações nas instituições escolares e no tratamento da questão ambiental. Após a realização da Rio 92, há um aumento considerável de professores e demais trabalhadores da educação, escolas e universidades envolvidos com a educação ambiental. E ao longo da década de 1990 observam-se as primeiras ações concretas de maior envergadura do MEC, que promove iniciativas de formação de professores, cria o primeiro Programa Nacional de Educação Ambiental e institui o tema transversal meio ambiente nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
  • É de fato na década de 2000, particularmente após 2002, com o início do governo Lula, que se pode dizer que a relação se consolida. Nesse contexto, o MEC intensifica várias ações e consegue contribuir para praticamente universalizar a presença da educação ambiental nas escolas. Em pesquisa realizada em 2006 por este ministério, cerca de 96% das escolas brasileiras declararam realizar a educação ambiental (seja como projeto, disciplina, tema transversal, via projeto político pedagógico, integração entre duas ou mais disciplinas, entre outras opções não necessariamente excludentes entre si), com patamares quantitativos bastante equivalentes entre todas as regiões do Brasil.
  • No entanto, a ação desde então se voltou para um movimento do exterior para o interior escolar, com reduzida influência da Coordenação Geral de Educação Ambiental do MEC junto às políticas centrais da educação brasileira (currículo, formação de professores, gestão escolar, autonomia da escola pública etc.). Mais do que isso, como historicamente a educação ambiental não se constituiu no diálogo e na disputa em torno das principais políticas de educação, no geral, o máximo que consta nestas políticas, é uma menção à sustentabilidade como princípio, sem rebatimento prático e sem que o campo da educação ambiental reflita de forma madura sobre suas implicações e a quem servem.
  • Mais do que isso, as políticas de educação ambiental são vagas quando falam em formação inicial e continuada dos profissionais da educação, apesar desta ser a principal demanda dos professores identificada na referida pesquisa feita pelo MEC em 2006, além de ser um direito destes e dos educandos. Em sendo uma necessidade reconhecida e uma demanda exigida por professores, é fundamental a constituição de grupos de pesquisa que enfrentem esses desafios. Que avancem na produção de conhecimentos que permitam não só compreender criticamente os processos de formação, mas também ajudem na proposição de caminhos transformadores da realidade. Que sejam elementos de reflexão sobre políticas educacionais de formação e de defesa do caráter efetivamente público de tais políticas na garantia do ambiente como bem comum.
  • Por isso entendo que o Grupo de Pesquisa em Educação Ambiental e Formação de Professores, coordenado pela professora Silvana do Nascimento, vem em boa hora e tem elevada importância acadêmicas nas atuais discussões e desafios da educação ambiental.
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